O impacto de uma demissão pode ser devastador, mesmo para os profissionais mais experientes. Chikara Kennedy, ex-gerente sênior de RH da Meta, sentiu isso na pele ao ser desligada durante uma onda de cortes, mesmo após contribuir com os processos decisórios que levaram à reestruturação.
Seu caso expõe um cenário recorrente em grandes corporações: nem sempre desempenho e dedicação são garantias de permanência. E foi justamente essa experiência que impulsionou uma mudança profunda de trajetória.
O que você vai ler neste artigo:
Quando a alta performance não é suficiente
Chikara trabalhava na Meta desde 2018, ocupando um cargo de liderança no setor de recursos humanos com base em Chicago. Com sólidas passagens por áreas de gestão de desempenho, reestruturação organizacional e coaching, ela estava entre os nomes mais atuantes na implementação dos processos de desligamento. Ironicamente, acabou sendo vítima da mesma reformulação que ajudou a desenhar.
A experiência de quase 15 anos no setor e múltiplas avaliações positivas evidenciam que não se tratava de uma questão de performance. Pelo contrário, ela era reconhecida como uma profissional de excelência. A notícia da demissão chegou de forma inesperada e provocou um abalo emocional.
"Fiquei brava, triste, envergonhada e incrédula", recorda-se.
Essa reação expõe algo importante: mesmo estando dentro do processo, a vivência real de um desligamento carrega implicações emocionais e psicológicas que muitas vezes são ignoradas ou mal compreendidas nas empresas.
O luto silencioso da demissão
Após o desligamento, Chikara passou por uma jornada interna de reconhecimento das próprias emoções. São estágios comuns em qualquer luto — negação, raiva, depressão, negociação e aceitação. No entanto, em ambientes corporativos, esse tipo de sofrimento costuma ser menosprezado ou tratado com pragmatismo.
Embora tivesse todas as credenciais para buscar uma recolocação imediata, optou por não agir por impulso. Ela comprou uma passagem para Bali, desligou o celular e iniciou um período sabático em busca de respostas mais profundas. A decisão não foi guiada por necessidade ou medo, mas pela vontade genuína de entender o que viria a seguir.
Esse tempo de pausa permitiu que ela se reconectasse com seus desejos e identificasse caminhos que antes não parecia enxergar. A pergunta que direcionou a virada foi simples, mas poderosa:
“Se não estou reagindo por mágoa, vergonha ou necessidade de provar algo, o que eu realmente quero fazer?”
De colaboradora a empreendedora
Foi da introspecção que surgiu a vontade de empreender. A partir da experiência adquirida ao longo dos anos — e do trauma da demissão — Chikara fundou sua própria empresa, a Power Coaching and Consulting. A iniciativa marca a transição de executiva corporativa para empreendedora consciente, com atuação voltada para desenvolvimento humano e liderança transformadora.
Atualmente, ela vive entre Washington, D.C. e Playa del Carmen, no México, onde organiza retiros de autoconhecimento e empoderamento feminino. Com base vivencial e prática em gestão de pessoas, ela passou a oferecer consultoria e coaching voltados à evolução pessoal e profissional, especialmente para mulheres em cargos de liderança.
Essa guinada mostra que a demissão, quando bem administrada emocionalmente, pode se tornar uma alavanca para redirecionamentos significativos e mais alinhados com valores pessoais.
Aprendizados que ficam
A experiência de Chikara Kennedy revela quatro lições importantes a líderes, profissionais de RH e qualquer pessoa inserida no mundo corporativo:
- Desempenho não é escudo: Mesmo profissionais considerados estratégicos e bem avaliados podem ser desligados em movimentos reestruturais.
- Processos precisam de empatia: Participar da estruturação de demissões não imuniza ninguém de seus efeitos. A humanização é essencial.
- Tempo de pausa é potência: Dar um passo atrás e refletir antes de agir pode revelar possibilidades que o impulso ignora.
- Reinvenção é possível: Desligamentos, por mais dolorosos que sejam, nem sempre representam um fim — podem ser o início de algo mais alinhado com sua verdade.
Esses ensinamentos não apenas expõem fragilidades das decisões corporativas, mas também recolocam o indivíduo no centro da decisão sobre sua própria trajetória. A fala de Chikara mostra que há poder em parar, rever e recomeçar — inclusive após algo aparentemente negativo como uma demissão.
Sua história, longe de ser um caso isolado, joga luz sobre os desafios e escolhas por trás das transformações profissionais na economia atual. Especialmente em tempos de instabilidade, entender como lidar com rupturas pode ser a chave para um recomeço mais autêntico.
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