OKRs e KPIs são duas metodologias amplamente utilizadas na gestão de desempenho. Embora frequentemente confundidas, elas têm propósitos distintos e podem — juntas — fortalecer os resultados organizacionais.
Compreender esses conceitos é essencial para decidir quando aplicar metas estratégicas ou métricas operacionais no ambiente corporativo e alcançar uma gestão mais eficiente.
O que você vai ler neste artigo:
O que são OKRs?
OKRs (Objectives and Key Results) são uma metodologia de definição de metas que combina um objetivo inspirador com resultados-chave mensuráveis. Seu principal papel é direcionar os esforços da equipe para conquistas estratégicas em períodos curtos, geralmente trimestrais.
Criado por Andy Grove e popularizado por John Doerr no Google, o modelo permite que todos os níveis da organização estejam alinhados a propósito e entregas. Os OKRs têm caráter flexível, adaptando-se a diferentes áreas e necessidades — desde a inovação até a melhoria de processos internos.
Diferentemente de outras metodologias baseadas apenas em números, os OKRs priorizam o impacto. Um objetivo deve ser claro e ambicioso, enquanto os resultados-chave funcionam como um termômetro de entrega concreta. Não se trata apenas de concluir tarefas, mas de causar transformações reais no negócio.
Essa abordagem incentiva a colaboração entre times ao promover foco, senso de urgência e responsabilidade, reforçando o comprometimento com entregas que, de fato, movimentam a organização para frente.
Estrutura dos OKRs
Para funcionar corretamente, cada OKR deve conter:
- Objetivo: Representa o que se deseja alcançar; é qualitativo, motivador e precisa inspirar ação.
- Resultados-chave: São as métricas que indicam se o objetivo está sendo alcançado. Devem ser específicos, mensuráveis e com prazos definidos.
Um mesmo objetivo pode ter de 2 a 5 resultados-chave associados. Por exemplo:
- Objetivo: Fortalecer a cultura de desenvolvimento interno no RH.
- Reduzir em 20% a rotatividade voluntária de talentos até o final do trimestre.
- Atingir 90% de participação nos programas de mentoria existentes.
- Elevar para 85% o índice de satisfação nas pesquisas de clima organizacional.
O alinhamento aos valores da empresa transforma os OKRs em uma ferramenta estratégica poderosa, estimulando decisões coerentes com a direção desejada.
O que são KPIs?
KPIs (Key Performance Indicators), ou Indicadores-chave de desempenho, são métricas operacionais usadas para medir o desempenho contínuo de atividades, processos ou equipes. Eles respondem a perguntas como: “Estamos indo bem?”, “Quanto tempo levamos?”, ou “Quão eficiente é a operação atual?”.
Esses indicadores são aplicados em todas as áreas — como marketing, vendas, finanças ou recursos humanos — com o objetivo de quantificar o progresso em direção às metas já estabelecidas. KPIs não necessariamente representam metas futuras, mas sim o estado atual de desempenho.
No RH, por exemplo, alguns KPIs comuns incluem:
- Tempo médio de contratação
- Taxa de absenteísmo
- Índice de engajamento interno
- Custo por contratação
- Tempo médio de onboarding
Todos esses indicadores ajudam o departamento a identificar gargalos operacionais, acompanhar melhorias contínuas e acelerar tomadas de decisão com dados confiáveis.
Comparativo entre OKRs e KPIs
É comum que as duas metodologias sejam confundidas, mas é importante reconhecer suas diferenças essenciais:
Característica | OKR | KPI |
Finalidade | Direcionar metas estratégicas | Medir desempenho de atividades |
Natureza | Aspiracional + mensurável | Totalmente quantitativa |
Horizonte temporal | Curto prazo (geralmente trimestral) | Contínuo (diário, semanal ou mensal) |
Frequência de revisão | Trimestral ou semestral | Regular e constante |
Exemplo de aplicação | “Aumentar a retenção de talentos” | “Taxa de turnover mensal” |
Papel no negócio | Inspirar mudança, promover foco | Monitorar, controlar e manter eficiência |
Portanto, ao passo que KPIs demonstram se o desempenho atual está dentro do esperado, os OKRs estabelecem onde se quer chegar futuramente.
Quando usar OKRs
OKRs são especialmente indicados em cenários que exigem mudança, transformação e metas desafiadoras. São úteis em projetos estratégicos, lançamento de produtos, iniciativas de inovação ou reestruturações.
Utilize esta metodologia quando:
- For necessário alinhamento entre áreas sobre o rumo estratégico;
- A equipe precise de uma jornada clara de evolução;
- Houver expectativa de resultados além do desempenho tradicional;
- O objetivo for promover engajamento e cultura de alta performance.
É importante que os OKRs sejam revisados frequentemente, garantindo que as metas mantenham-se atuais e alinhadas ao contexto da empresa. O sucesso não está apenas em atingir 100% dos resultados, mas em aprender com o processo e migrar para um novo patamar organizacional.
Quando usar KPIs
KPIs, por sua vez, devem estar presentes no cotidiano da gestão. São indicadores valiosos para avaliar desempenho, produtividade e identificar desvios que comprometem os resultados.
Seu uso é recomendado quando:
- É necessário monitorar a eficiência de processos;
- O foco está em manter padrões, reduzir falhas ou otimizar recursos;
- Equipes operacionais precisam de métricas objetivas para melhorar entregas;
- Deve-se verificar se o desempenho está adequado às metas já definidas.
Esses indicadores devem ser atualizados regularmente com dados confiáveis, sendo acompanhados por painéis de controle e relatórios claros.
Como OKRs e KPIs podem funcionar juntos
Embora distintos, OKRs e KPIs podem ser usados de forma complementar. Os KPIs fornecem os dados que mostram onde a empresa está, enquanto os OKRs indicam onde ela pretende chegar.
De forma prática, é possível integrar ambos nos mesmos projetos. Por exemplo:
- Um KPI pode indicar alta rotatividade de talentos.
- A partir disso, define-se um OKR com o objetivo: “Melhorar a retenção de talentos”.
- Um dos resultados-chave desse OKR pode ser: “Reduzir a taxa de turnover mensal de 12% para 8%”.
Nesse cenário, o KPI atua como insumo e termômetro, e os OKRs determinam a transformação a ser realizada para romper padrões insatisfatórios ou buscar crescimento.
Quando bem utilizados em conjunto, promovem uma gestão mais inteligente, orientada por dados e direcionada a resultados consistentes.
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