Reduzir o tempo de contratação sem perder qualidade é um desafio constante para equipes de recrutamento. No centro dessa equação está o indicador time to fill, métrica que revela o tempo que uma empresa leva entre abrir uma vaga e receber o aceite da pessoa candidata.Acompanhar esse dado permite decisões ágeis, melhora o planejamento de equipes e minimiza impactos operacionais de posições em aberto. Quando monitorado com constância e combinado a boas práticas, o time to fill se transforma em uma das alavancas mais estratégicas do RH.
O que você vai ler neste artigo:
O que é time to fill e sua importância
O time to fill mede, em dias, quanto tempo a empresa leva para preencher uma vaga desde sua abertura oficial até o aceite final da proposta. Trata-se de um indicador voltado à eficiência organizacional, pois considera não apenas as etapas de recrutamento, mas também os trâmites internos como aprovação, alinhamento e divulgação das oportunidades.Quanto maior for esse tempo, maior é o risco de custos extras, sobrecarga nas equipes e perdas financeiras. Negócios que dependem fortemente de time comercial ou áreas técnicas críticas, por exemplo, devem estar atentos a esse dado — pois a vacância pode significar quedas diretas de receita ou atrasos em projetos estratégicos.Além disso, monitorar o time to fill ajuda o RH a:
- Estimar capacidade e alocação de recursos;
- Antecipar gargalos futuros em áreas com grande rotatividade;
- Definir SLAs e expectativas com as lideranças;
- Avaliar o impacto de iniciativas como fortalecimento da marca empregadora ou implementação de novos processos.
Diferença entre time to fill e time to hire
Embora sejam frequentemente confundidos, esses dois indicadores tratam de momentos diferentes do processo de contratação. A principal diferença está no ponto de início:
| Métrica | Início da contagem | Fim da contagem | Finalidade principal |
| Time to fill | Abertura da vaga | Aceite da oferta | Avaliar a eficiência organizacional do processo completo |
| Time to hire | Entrada da pessoa no funil | Aceite da oferta | Medir agilidade da seleção a partir do engajamento ativo |
Ao usar os dois em conjunto, o RH ganha uma visão 360º. Um time to fill alto pode revelar atrasos antecedentes à entrada da pessoa candidata no pipeline — como morosidade na liberação da vaga ou demora na aprovação do headcount. Já um time to hire elevado aponta lentidão na triagem, entrevistas ou feedbacks.
Como calcular o time to fill
O cálculo do time to fill pode ser feito por vaga ou em médias sobre um período. Veja como aplicar:Fórmula por vaga:Time to fill (dias) = data de aceite – data de abertura da vagaFórmula média em um período:Time to fill médio = soma dos dias de todas as vagas preenchidas ÷ número de vagas preenchidasPor exemplo:
- Data de abertura: 1º de fevereiro
- Data do aceite: 3 de março
- Resultado: 30 dias de time to fill
Ao longo do tempo, compilar essas informações por senioridade (junior, pleno, sênior), família de cargos e regiões permite identificar tendências e ações corretivas onde mais se precisa — como demora na triagem para posições técnicas ou gargalos de aprovação em áreas específicas.
Fatores que impactam o tempo de contratação
Diversas variáveis internas e externas influenciam diretamente o time to fill. Ter clareza sobre elas ajuda a ajustar estratégias de forma realista e preditiva:
- Nível do cargo e raridade do perfil: quanto mais especializada a função, maior o tempo de busca.
- Complexidade do processo seletivo: etapas extensas, como cases técnicos ou comitês de aprovação, alongam a jornada.
- Disponibilidade de talentos no mercado: áreas como tecnologia, engenharia e produto tendem a ter maior escassez de perfis.
- Aderência da proposta ao perfil-alvo: desalinhamentos salariais e benefícios pouco atrativos ampliam o risco de desistência.
- Imagem empregadora: empresas reconhecidas atraem mais candidaturas e tendem a converter mais rápido.
- Datas sazonais: festividades, férias coletivas ou instabilidades econômicas impactam o ritmo de contratações.
Boas práticas para reduzir o time to fill
O tempo de preenchimento pode ser otimizado com medidas estruturais, tecnológicas e de gestão. A seguir, algumas das ações mais recomendadas por especialistas para acelerar o processo com precisão:
1. Estruture o processo com SLAs
- Padronize prazos máximos por etapa (exemplo: triagem em até 3 dias úteis; feedbacks em 48h).
- Reserve janelas de entrevistas com lideranças previamente.
- Crie templates prontos (scorecards, job descriptions, checklists).
2. Use tecnologia com inteligência
- Implante um ATS (sistema de rastreamento de candidatos).
- Automatize envio de feedbacks, agendamento de entrevistas e atualização de status.
- Acompanhe cada fase em tempo real, com dashboards de desempenho.
3. Fortaleça a atração de talentos
- Garanta descrições claras e realistas sobre a vaga.
- Invista em employer branding para atrair talentos mais alinhados.
- Crie talent pools por áreas críticas para contato imediato quando novas vagas surgirem.
4. Acelere triagem e decisões
- Use critérios objetivos e bem definidos.
- Estruture entrevistas por competências, evitando achismos.
- Forme comitês de decisão com agenda pré-bloqueada.
5. Planejamento e maturidade do RH
- Antecipe demandas com base em histórico de sazonalidade de contratações.
- Trabalhe com requisições pré-aprovadas em vagas recorrentes.
- Considere talentos internos como solução imediata para posições estratégicas.
Como definir metas de time to fill
A definição de metas eficazes exige uma base comparativa realista. Utilize benchmarks de mercado apenas como referência, pois o mais importante são os dados internos históricos. Veja como estabelecer objetivos coerentes:
- Base inicial: identifique a média atual por tipo de função e senioridade.
- Metas progressivas: crie planos por trimestre para reduzir o tempo aos poucos (ex.: -10% nos próximos 3 meses).
- Acompanhamento contínuo: utilize gráficos de semáforo por estágio do funil.
- Auditorias periódicas: analise casos onde o SLA foi ultrapassado para entender e corrigir.
Segundo estudos, o Brasil costuma apresentar médias nacionais de 39 a 40 dias para fechamento de posições. No entanto, organizações com processos otimizados conseguem atingir entre 20 a 30 dias em áreas operacionais e técnicas menos complexas.
Indicadores complementares para o RH acompanhar
Para entender o time to fill em seu contexto mais amplo, o ideal é relacioná-lo a outras métricas de recrutamento:
- Taxa de aceite de propostas: número de propostas aceitas ÷ propostas enviadas.
- Tempo por etapa: mensure sourcing, entrevistas e tempo de resposta separadamente.
- Qualidade da contratação: performance e retenção nos 90 primeiros dias.
- Candidate NPS: satisfação da pessoa candidata com a experiência do processo.
- Time to start: aceite da proposta até o início efetivo do trabalho.
Reduzir tempo sem perder qualidade
Reduzir o time to fill não deve ser confundido com acelerar o processo a qualquer custo. A estratégia ideal é equilibrar agilidade com qualidade. Isso exige integração entre times de RH, lideranças e áreas de negócio, com metas bem definidas e tecnologia como aliada.Ao identificar os gargalos certos — sejam processuais, de comunicação ou estruturais — o recrutamento se torna uma força de valor para o negócio. Afinal, preencher rapidamente não se trata apenas de números: é sobre entregar as pessoas certas no tempo certo para impulsionar desempenho, inovação e crescimento.
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