A tecnologia assistiva vem passando por uma evolução constante que reforça sua missão de promover acessibilidade, autonomia e inclusão. Mais do que uma solução pontual, ela tem sido integrada à rotina de milhões de pessoas com deficiência, tornando-se essencial em diversos contextos.
Diante da transformação digital e do avanço de áreas como neurociência, robótica e inteligência artificial, novas possibilidades emergem com potencial de impactar ainda mais vidas no presente e no futuro.
O que você vai ler neste artigo:
O que é tecnologia assistiva e por que ela é essencial
A tecnologia assistiva é composta por um conjunto de recursos – como produtos, serviços e práticas – voltados a ampliar a funcionalidade e participação ativa de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Está amparada legalmente pela Lei nº 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Esses recursos são fundamentais para a superação de barreiras físicas, intelectuais ou sensoriais. De acordo com o relatório conjunto da OMS e do UNICEF, mais de 2,5 bilhões de pessoas no mundo precisam de algum tipo de apoio assistivo, como cadeiras de rodas, aparelhos auditivos ou softwares de comunicação. No entanto, cerca de 1 bilhão ainda não tem acesso a essas soluções básicas, especialmente em regiões de baixa e média renda.
A importância dessas ferramentas vai além da acessibilidade: elas estão diretamente ligadas à dignidade e aos direitos humanos, possibilitando oportunidades iguais em educação, trabalho, lazer e convívio social.
Soluções em uso: ferramentas de apoio por tipo de deficiência
Tecnologias assistivas variam de acordo com as necessidades específicas de cada deficiência, oferecendo desde recursos simples a inovações avançadas. Veja os principais exemplos:
- Comunicação aumentativa e alternativa (CAA):
- Aplicativos como o Hand Talk, que traduzem o português para Libras automaticamente;
- Pranchas com símbolos e imagens que auxiliam a comunicação de pessoas com dificuldade de fala.
- Para deficiência visual:
- Leitores de tela como NVDA e VoiceOver, que convertem texto em voz;
- Lupas eletrônicas que ampliam o conteúdo visual;
- Impressoras braille para leitura tátil.
- Para deficiência auditiva:
- Aparelhos auditivos e implantes cocleares, que ampliam a percepção sonora;
- Sistemas de alerta com vibração ou sinal luminoso para situações como campainhas, alarmes e despertadores.
- Para deficiência motora:
- Teclados adaptados e mouses especiais, que permitem o uso do computador com diferentes partes do corpo;
- Softwares de controle por movimento ocular.
- Para deficiência intelectual ou cognitiva:
- Aplicativos para organização de tarefas, rotinas e lembretes;
- Plataformas de ensino com elementos visuais interativos.
- Acessibilidade digital:
- Ferramentas de ajuste de contraste e tamanho de fonte em sites e aplicativos;
- Navegação por voz e legendas automáticas em vídeos e reuniões online.
Essas inovações são constantemente aprimoradas para atender à diversidade e tornar o cotidiano mais acessível para todos.
Novas tendências em tecnologia assistiva
O futuro da tecnologia assistiva está sendo moldado por inovações que combinam ciência, engenharia e inclusão. Com um mercado global projetado em US$ 26 bilhões, novas soluções estão transformando a vida de milhões globalmente. No Brasil, políticas como o Programa Nacional de Tecnologia Assistiva estimulam pesquisas e impulsionam a democratização do acesso.
A empresa alemã Ottobock, presente no Brasil há décadas, é uma referência no setor. Ela já desenvolve dispositivos como:
- Genium X4, uma prótese de joelho com inteligência artificial que se adapta ao estilo de caminhada;
- Myo Plus, sistema que interpreta os sinais musculares para controlar próteses com naturalidade;
- C-Brace, órtese que ajusta em tempo real a resistência articular, promovendo maior mobilidade;
- Exopulse Suit, traje de estimulação neuromuscular previsto para 2026, que ajudará na mobilidade de quem tem paralisia cerebral ou esclerose múltipla.
Outros avanços que prometem ampliar a independência e qualidade de vida das pessoas incluem:
- Cadeiras de rodas inteligentes:
Sensores que detectam obstáculos, integração com smartphones e controle por comando de voz proporcionam mais liberdade e segurança. - Exoesqueletos para reabilitação:
Desenvolvidos para auxiliar em terapias de marcha, esses dispositivos usam motores e estimuladores neurológicos para reforçar movimentos naturais. - Assistência robótica pessoal:
Robôs que apoiam atividades do dia a dia – desde pegar objetos até interações sociais básicas – representam uma nova fronteira da autonomia. - Realidade Aumentada e Realidade Virtual:
Utilizadas tanto na reabilitação quanto no ensino, suas aplicações oferecem ambientes simulados onde as pessoas com deficiência podem treinar habilidades e ter experiências imersivas com menor risco.
O aumento da conectividade 5G também deve potencializar muitas dessas soluções, viabilizando interações em tempo real com sistemas de suporte remoto.
Inclusão no mercado de trabalho e ambiente corporativo
Tecnologias assistivas têm papel central na construção de ambientes corporativos mais acessíveis. Companhias que investem em inclusão colhem benefícios como maior diversidade de talentos, inovação e clima organizacional mais respeitoso.
No Brasil, há esforços significativos por parte de grandes empresas para empregar e desenvolver profissionais com deficiência. Algumas práticas eficazes incluem:
- Adaptação de espaços físicos, com sinalização tátil, rampas e mobiliários adequados;
- Intérpretes de Libras em reuniões e ambientes virtuais;
- Equipamentos adaptados no ambiente de trabalho;
- Treinamentos frequentes de letramento em inclusão acessível para gestores e equipes;
- Vagas específicas para pessoas com deficiência e feiras de empregabilidade com foco na diversidade.
Além das adaptações estruturais, o desenvolvimento constante em acessibilidade digital e aplicativos corporativos também amplia as oportunidades e a permanência desses profissionais no mercado.
Dessa forma, a tecnologia assistiva deixa de ser um instrumento de uso isolado e passa a integrar a cultura organizacional de forma sustentável e estratégica.
A perspectiva para os próximos anos é de expansão contínua dessas soluções, cada vez mais conectadas à ciência, usabilidade e inclusão. À medida que barreiras são superadas com o auxílio da tecnologia, o futuro se torna mais acessível para todos.
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