A prática de aprendizado em duplas vem ganhando espaço por valorizar a troca de experiências e reflexões. Diferente de métodos tradicionais, ela incentiva o pensamento crítico e a construção conjunta do saber.
O Estudo de Pares, inspirado na metodologia Peer Instruction, coloca dois profissionais frente a frente para que aprendam ao discutir, questionar e reformular ideias. A seguir, veja como essa abordagem pode ser aplicada de forma eficaz.
O que você vai ler neste artigo:
Etudo de Pares: conceito e origem
Criado por Eric Mazur, professor da Universidade de Harvard, o Estudo de Pares ou Peer Instruction nasceu no ambiente acadêmico, mas rapidamente passou a ser adotado também em empresas. A lógica é simples: os alunos, ou profissionais, não são apenas ouvintes; tornam-se protagonistas da aprendizagem, discutindo temas com colegas e buscando compreender conceitos por meio do debate.
Dentro das empresas, o método rompe com a hierarquia de aprendizagem tradicional — onde o conhecimento vem apenas de professores ou instrutores — e reconhece o potencial de cada colaborador em contribuir com sua vivência e raciocínio. Isso fortalece não só o domínio técnico, como também competências comportamentais importantes.
Como aplicar o Estudo de Pares no ambiente organizacional
A aplicação exige planejamento, clareza de objetivos e um ambiente que favoreça o diálogo. É possível seguir uma estrutura que garanta resultados práticos:
1. Escolha do tema
Defina assuntos pertinentes à rotina da equipe e que gerem incerteza ou múltiplas interpretações. Alguns exemplos:
- Introdução de um novo processo ou sistema;
- Questões éticas ou dilemas do atendimento ao cliente;
- Estratégias de tomada de decisão sob pressão.
Quanto mais próximo da realidade do colaborador, maior será seu engajamento e participação ativa.
2. Elaboração da pergunta provocativa
Evite perguntas simples ou meramente objetivas. O ideal é promover reflexões profundas, como:
- “Como você conciliaria essa nova política com a rotina atual do time?”
- “Entre duas prioridades conflitantes, qual caminho você escolheria e por quê?”
Essas perguntas devem estimular o debate e não ter apenas uma resposta correta.
3. Reflexão individual
Cada participante deve pensar na questão de forma isolada antes da conversa em dupla. Isso evita o efeito de opinião dominante e fortalece o senso crítico individual. Essa etapa pode ocorrer com folhas de resposta, questionários prévios ou plataformas online, no caso de ambientes híbridos.
4. Formação estratégica das duplas
As duplas devem ser formadas com base na diversidade de experiências, cargos ou perfis de pensamento. Misturar colaboradores mais antigos com novos, por exemplo, propicia trocas enriquecedoras. Essa formação não precisa ser fixa e pode mudar conforme a proposta da atividade.
5. Discussão entre pares
Durante a conversa, cada participante apresenta sua resposta, escuta o colega e busca identificar pontos de acordo e divergência. A prioridade não é convencer o outro, mas compreender como cada ideia foi formada. É nessa etapa que a aprendizagem se aprofunda.
6. Compartilhamento com o grupo
Ao final, duplas selecionadas podem apresentar suas conclusões. O facilitador atua como mediador, esclarecendo conceitos, reforçando boas práticas e destacando ligações com a realidade do negócio. Essa troca em grupo amplia o alcance das ideias debatidas em duplas.
7. Repetição e evolução
Incorpore novas perguntas e temas ao longo de encontros semanais ou quinzenais. A prática contínua consolida a metodologia na cultura da empresa e transforma o processo de aprendizado em algo natural e recorrente.
Benefícios do Estudo de Pares para equipes
Quando adotado de forma sistemática, o Estudo de Pares melhora significativamente o ambiente de aprendizado, tornando-o mais dinâmico e acessível. Entre os principais ganhos:
- Maior retenção do conteúdo, já que o participante não apenas ouve, mas analisa e debate;
- Desenvolvimento de soft skills, como escuta ativa, comunicação clara e empatia;
- Valorização das perspectivas diversas, rompendo silos e favorecendo integração entre áreas;
- Estímulo ao pensamento crítico e autonomia intelectual, com menos dependência de respostas prontas;
- Reforço do espírito colaborativoe fortalecimento da cultura do diálogo dentro da empresa.
A metodologia se mostra útil tanto para treinamentos técnicos quanto para discussões sobre temas sensíveis ou estratégicos. Além disso, pode ser adaptada facilmente a diferentes tamanhos de equipe.
Vantagens em relação a outros métodos de capacitação
Ao contrário dos modelos unidirecionais — como palestras ou e-learning sem interação —, o Estudo de Pares transforma o colaborador em agente ativo. A principal diferença está no aprendizado construído:
- Conhecimento horizontal: o saber é compartilhado entre os próprios colegas, reduzindo a distância entre “quem ensina” e “quem aprende”;
- Engajamento natural: pessoas tendem a se envolver mais quando sentem que sua opinião é valorizada;
- Efetividade com baixo custo: não requer grandes investimentos em infraestrutura e pode ser aplicado com facilidade na rotina.
Além disso, o método se adapta à era digital. Em modelos remotos, pode-se usar enquetes, chats, breakout rooms e ferramentas de quiz para facilitar a interação. Já em ambientes presenciais, basta um bom facilitador e a disposição de ouvir e refletir.
Quando e onde aplicar a metodologia
A aplicação é ideal em situações como:
- Treinamentos de integração de novos colaboradores;
- Capacitações recorrentes sobre mudanças internas;
- Momentos de reflexão sobre cultura, ética e valores organizacionais;
- Workshops, hackathons e sprints de inovação, que exigem colaboração rápida.
Empresas que investem em aprendizado contínuo percebem que técnicas como essa fortalecem o conhecimento organizacional, criam vínculos entre funcionários e tornam os processos de capacitação mais relevantes para o dia a dia.
Ao focar no diálogo estruturado entre pares, o modelo não apenas ensina, mas transforma a maneira como os profissionais aprendem, se expressam e se conectam.
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