Visitar o escritório apenas para tomar um café, registrar presença e manter breves interações sociais tornou-se uma prática comum em empresas com modelo híbrido. Essa atitude, conhecida como “coffee badging”, tem chamado atenção no ambiente corporativo.
Embora pareça inofensiva à primeira vista, essa tendência levanta debates sobre engajamento, produtividade e percepção profissional diante de colegas e lideranças.
O que você vai ler neste artigo:
O que é o “coffee badging”
O termo “coffee badging” faz referência ao ato de ir ao local de trabalho, passar o crachá — “badge” em inglês — tomar um café e, logo em seguida, retornar ao modelo de trabalho remoto. Na prática, funcionários marcam presença presencial de modo simbólico antes de continuar o expediente de casa.
Essa dinâmica surgiu com maior força após a popularização do trabalho híbrido, quando empresas passaram a exigir alguns dias presenciais. No entanto, muitos profissionais têm comparecido apenas brevemente, criando uma espécie de “cumprimento de tabela”.
De acordo com reportagem publicada na Exame, trata-se de uma reação comum à tentativa de retomar modelos de trabalho mais tradicionais. Trabalhar remotamente continua sendo valorizado por grande parte dos profissionais, especialmente aqueles que buscam melhor qualidade de vida ou maior autonomia.
O impacto na imagem profissional
Mesmo não existindo uma política clara contra o “coffee badging” em muitas empresas, a prática pode gerar ruído na percepção sobre comprometimento e engajamento. Colegas e gestores podem interpretar essa conduta como um sinal de afastamento da rotina presencial — ainda que a produtividade não seja afetada.
Esse descompasso entre presença física e entrega de resultados pode afetar promoções, atribuição de projetos estratégicos e até a construção de relacionamentos no ambiente corporativo. Em setores que ainda valorizam a proximidade e a colaboração face a face, o comportamento pode ser visto como falta de espírito de equipe.
Além disso, há uma diferença entre estar disponível e ser visto. Funcionários que quase não aparecem presencialmente podem perder oportunidades de networking, feedbacks informais e participação em discussões relevantes para a empresa.
Adaptação das empresas e lideranças
Diante desse cenário, companhias têm buscado rever suas políticas de trabalho híbrido com mais clareza e objetividade. Algumas determinam dias fixos de comparecimento, enquanto outras flexibilizam com base em metas, natureza do cargo ou demandas específicas.
Também cresce o papel das lideranças em reavaliar o modelo de acompanhamento. Em vez de focar na presença física, muitas empresas começam a migrar para métricas de desempenho mais robustas, como entregas, resultados e cumprimento de prazos.
No entanto, a falta de diretrizes claras ainda causa ruídos. Segundo especialistas em gestão de pessoas, é fundamental que as companhias comuniquem seus objetivos ao adotar o modelo híbrido — seja reforçando cultura, incentivando a colaboração ou promovendo inovação no ambiente compartilhado.
Como manter uma boa imagem no trabalho híbrido
Para quem atua em modelo híbrido, sem abrir mão da flexibilidade, é essencial buscar um equilíbrio consciente entre produtividade e presença percebida. Algumas práticas podem contribuir para preservar uma imagem positiva:
- Participar ativamente de reuniões presenciaise demonstrar engajamento nos momentos em que estiver no escritório.
- Manter comunicação frequentecom a equipe e lideranças, ainda que à distância.
- Estar presente em momentos estratégicos, como workshops, reuniões com clientes e entregas importantes.
- Utilizar a presença no escritório de forma estratégica, priorizando conexões humanas e trocas informais.
- Evitar a impressão de estar ausenteou desconectado das decisões da equipe.
Atitudes coerentes entre discurso e prática ajudam a construir uma percepção sólida de responsabilidade e comprometimento. Mesmo em ambientes flexíveis, ser visto (mesmo que por pouco tempo) e lembrado continua sendo um diferencial competitivo.
Entre liberdade e cobrança
O “coffee badging” é um reflexo da tensão entre o desejo de liberdade do profissional moderno e a expectativa de controle ainda presente em muitas culturas organizacionais. Ele enfrenta críticas, mas ao mesmo tempo aponta para a necessidade de adaptação de empresas e lideranças à nova realidade do trabalho.
Mais do que uma tendência passageira, trata-se de um sintoma de um novo paradigma corporativo em construção, no qual presença física e produtividade nem sempre caminham juntas. Enquanto isso, encontrar o meio-termo entre autonomia e visibilidade segue sendo o maior desafio para quem atua no modelo híbrido.
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