Como reduzir o turnover com estratégias de employee experience

A rotatividade excessiva não é apenas um indicador operacional de RH. Trata-se de um risco estratégico capaz de comprometer a performance, a cultura e a sustentabilidade das organizações.

Com o avanço da tecnologia e a ampliação do papel estratégico do RH, reduzir o turnover exige mais do que boas intenções: requer inteligência, dados e foco na experiência da pessoa colaboradora.

Por que o turnover elevado é um sinal vermelho para empresas

A saída constante de talentos representa mais do que um custo direto com recrutamento. Há impactos subterrâneos e duradouros: a perda de conhecimento institucional, o enfraquecimento do engajamento da equipe e o desmonte de iniciativas críticas tornam-se frequentes.

Somam-se a isso os prejuízos financeiros. Conforme estudos recentes da Deloitte, custo médio de substituição de um profissional pode chegar ao dobro de seu salário anual, quando considerados gastos com contratação, treinamento, adaptação e perda de produtividade.

Além disso, a alta rotatividade enfraquece a marca empregadora, causando baixa confiança no mercado e afetando diretamente a capacidade de atrair novos talentos de alto desempenho.

Um ambiente instável impacta também o clima organizacional — gerando desmotivação, insegurança e queda na inovação. Todas essas variáveis, ainda que indiretas, influenciam o crescimento e até a capacidade de sobrevivência das companhias em longo prazo.

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Por que os talentos deixam a sua empresa

A decisão de uma pessoa colaboradora talentosa em sair do emprego costuma ser fruto de uma série de fatores que se acumulam ao longo do tempo. Normalmente, essa insatisfação vai sendo silenciosamente construída até se tornar irreversível.

Entre os principais motivos observados nas empresas com índices elevados de turnover, destacam-se:

  • Falta de perspectiva de crescimento;
  • Ausência de reconhecimento e valorização;
  • Lideranças despreparadas;
  • Desalinhamento entre valores pessoais e cultura organizacional;
  • Desgaste mental e dificuldade de equilíbrio entre vida e trabalho;
  • Pouca escuta ativa por parte da empresa.

Curiosamente, muitas dessas causas poderiam ser mapeadas precocemente, mas a maioria das empresas age apenas após o desligamento – o que leva a um modelo reativo e ineficiente.

Modelos tradicionais, como pesquisas de clima anuais, não acompanham a velocidade das mudanças no comportamento e nas expectativas das pessoas colaboradoras. É nesse ponto que as empresas precisam adotar soluções mais ágeis e inteligentes: a escuta ativa contínua e o uso de dados tornam-se indispensáveis.

Employee Experience (EX): o que realmente retém talentos

Para além de benefícios e salários atrativos, o verdadeiro diferencial está na maneira como a empresa cuida de toda a jornada da pessoa colaboradora — desde o primeiro contato até o momento da saída.

A chamada Employee Experience (EX), ou Experiência da Pessoa Colaboradora, funciona como um termômetro da saúde interna da organização, e influencia diretamente três fatores essenciais de retenção:

  • Desejo de permanecer: Surge quando há um ambiente seguro, oportunidades claras de evolução e valorização do trabalho realizado.
  • Desejo de contribuir: Pessoas que se sentem ouvidas e reconhecidas entregam mais, inovam com maior frequência e se envolvem profundamente com os desafios.
  • Desejo de recomendar: Uma experiência positiva transforma colaboradores em embaixadores da marca, gerando um ciclo virtuoso de atração e retenção de talentos.

Para que isso ocorra, é necessário desenhar com precisão cada ponto de contato da jornada da pessoa colaboradora:

  • Onboarding acolhedor e estruturado;
  • Planos de desenvolvimento e diálogo frequente sobre carreira;
  • Avaliação de desempenho transparente e justa;
  • Reconhecimento e feedbacks regulares;
  • Comunicação clara e cultura inclusiva;
  • Offboarding bem conduzido, preservando a reputação.

Essa abordagem holística transforma a relação entre empresas e talentos, e só é possível quando as decisões são orientadas por dados e não apenas por percepções subjetivas ou ações pontuais.

Como usar tecnologia e dados para reduzir o turnover

A adoção de plataformas voltadas à gestão da experiência e engajamento, como a Carreira Profissional Pesquisas e Engajamento, possibilita transformar dados em ações concretas com foco na retenção.

Entre os diferenciais da solução, destacam-se:

Predição de saída voluntária

Trata-se da capacidade de antecipar quem está em risco de saída, cruzando indicadores de engajamento, performance, histórico e interações na empresa.

  • Como funciona: Algoritmos de inteligência artificial analisam dados, sinalizando os talentos mais propensos a deixarem a organização.
  • Impacto: RHs e líderes conseguem agir antes que a decisão seja tomada, oferecendo alternativas como projetos diferentes, mentorias ou ajustes de rota personalizados.

Ex Journey

É o recurso que permite desenhar e visualizar o mapa completo da jornada da pessoa colaboradora, com foco em pontos de inflexão, fricções e momentos de encantamento.

  • Aplicação: Da admissão à saída, cada etapa é monitorada em termos de experiência, expectativas e percepções.
  • Ao identificar gargalos, a empresa consegue agir pontualmente — seja ajustando o onboarding, treinando lideranças ou oferecendo oportunidades mais alinhadas aos objetivos da pessoa.

Diagnóstico estratégico baseado em dados

A coleta estruturada e contínua de feedback (via pesquisas de pulso, NPS interno, pesquisas de engajamento) garante visibilidade precisa sobre o que está funcionando e o que precisa evoluir.

  • Exemplo prático: Se dados mostram que pessoas lideradas por X apresentam maior taxa de rotatividade do que outras lideranças, é possível planejar ações direcionadas como coaching ou avaliação de fit cultural.

Essas ferramentas, integradas a uma estratégia de cultura organizacional, tornam possível criar um RH preditivo e proativo, capaz de reduzir o turnover de forma sistêmica.

Resultados de empresas que adotaram essa abordagem

Organizações que adotam estratégias baseadas em dados e focadas em EX celebram conquistas significativas.

Entre os principais resultados observados estão:

  • Redução expressiva dos índices de turnover, com economia nos custos de contratação e treinamento;
  • Aumento da permanência dos talentos-chave;
  • Ganhos diretos em produtividade e engajamento;
  • Fortalecimento da reputação como marca empregadora;
  • Melhora nas relações de confiança entre líderes e liderados;
  • Tomada de decisão mais rápida e orientada por evidências concretas.

Além disso, essas empresas criam ambientes mais saudáveis e inovadores, promovem desenvolvimento sustentável das pessoas e aumentam sua atratividade no mercado, construindo um ciclo positivo de retenção e crescimento.

As novas ferramentas permitem ver além das métricas tradicionais e agir nas causas reais dos desligamentos. E é essa transformação que está redefinindo o papel do RH nas organizações modernas.

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