Geração prateada e seu impacto no mercado de trabalho

O envelhecimento populacional está redesenhando o perfil dos profissionais brasileiros. A geração prateada se destaca nesse cenário, trazendo uma combinação de experiência, vontade de continuar ativa e potencial de transformação econômica e social.Composta por pessoas com mais de 50 anos, essa geração é cada vez mais presente no mercado de trabalho — ainda que enfrente barreiras como o etarismo, a informalidade e o acesso desigual à tecnologia.

Quem é a geração prateada e por que está crescendo

A chamada geração prateada, formada por pessoas com 50 anos ou mais, representa um movimento global de envelhecimento ativo. Este grupo é composto por indivíduos que não apenas vivem mais, mas também buscam manter sua autonomia, propósito de vida e participação social por mais tempo.No Brasil, segundo o IBGE, a tendência é clara: até 2044, cerca de 35% da população terá mais de 50 anos. Este rápido envelhecimento representa um desafio demográfico, mas também uma enorme oportunidade de reinvenção para o mercado de trabalho.Em contraste com gerações passadas, os profissionais 50+ de hoje são mais integrados à tecnologia, abertos à requalificação e motivados por novos projetos. Muitos buscam empreender ou explorar segundas carreiras, o que reforça a ideia de que envelhecimento não equivale a estagnação.O aumento significativo no número de profissionais 60+ economicamente ativos, que cresceu 69% entre 2012 e 2024, indica a necessidade urgente de políticas públicas e práticas organizacionais sintonizadas com essa realidade.

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Etarismo: um obstáculo persistente para quem tem mais de 50

Apesar do avanço da longevidade e da valorização da experiência, o etarismo ainda é parte da rotina de milhões de brasileiros. Trata-se de um preconceito estrutural que associa idade avançada à obsolescência, comprometendo a inclusão dessa faixa etária no mercado de trabalho formal.Estereótipos comuns envolvem a ideia de que pessoas mais velhas são menos produtivas, avessas à tecnologia ou inflexíveis a mudanças. Essas percepções, muitas vezes inconscientes, limitam oportunidades de contratação e desenvolvimento para profissionais qualificados.Como consequência, mais de 50% das pessoas com 60 anos ou mais estão na informalidade, de acordo com dados do IBGE. Isso evidencia uma lacuna entre o potencial produtivo da geração prateada e a realidade das vagas disponíveis.É preciso atuar em múltiplas frentes para descontruir essa lógica discriminatória, indo desde a formação de lideranças mais conscientes até a adaptação de processos seletivos e trilhas de carreira para incluir diferentes faixas etárias.

Lifelong learning e atualização como ferramentas de reinserção

A tecnologia e a transformação digital exigem atualização constante, independentemente da idade. Nesse contexto, o conceito de lifelong learning — ou aprendizado ao longo da vida — é indispensável para que profissionais 50+ mantenham-se ativos e competitivos no mercado.Cursos de requalificação (reskilling) e aperfeiçoamento (upskilling) voltados à tecnologia, gestão de projetos e habilidades comportamentais (soft skills) estão cada vez mais acessíveis e procurados pela geração prateada.A alfabetização digital é um passo essencial para ampliar horizontes. Segundo a pesquisa TIC Domicílios, 78% dos idosos já utilizam smartphones, mas muitos ainda carecem de treinamento adequado para usar ferramentas digitais em ambientes profissionais.Empresas têm papel crucial nesse processo, seja oferecendo programas de capacitação, seja promovendo mentorias reversas, onde jovens compartilham conhecimentos técnicos e veteranos trocam experiências profissionais.

O valor estratégico da diversidade etária nas organizações

As empresas que apostam em equipes multigeracionais percebem ganhos diretos na performance organizacional. A combinação entre juventude e maturidade traz equilíbrio entre inovação, velocidade de execução e tomada de decisão mais ponderada.Profissionais 50+ contribuem com:

  • Visão estratégica apurada
  • Capacidade de resolução de conflitos
  • Estabilidade emocional
  • Maior senso de responsabilidade

Essa diversidade fortalece a cultura de aprendizagem contínua e gera insights mais ricos para todos os setores da empresa.Iniciativas como o Programa 50+ da Ambev, o Magalu 60+ e o Projeto Pleno da Carreira Profissional são exemplos concretos de como a diversidade etária pode impulsionar resultados e transformar culturas corporativas.Esses programas não apenas oferecem oportunidades de trabalho, mas também contribuem para derrubar o preconceito etário, mostrando que a geração prateada é sinônimo de competência e inovação.

Silver economy: o impacto financeiro da geração prateada

O protagonismo da geração prateada não se limita ao mercado de trabalho. No campo do consumo, essa faixa etária representa uma das maiores potências econômicas do país.Segundo dados da Data8, esse grupo movimenta mais de R$ 1 trilhão por ano e já responde por cerca de 24% do consumo nacional, com projeção para alcançar 35% até 2044. Essa força de consumo tem nome: silver economy.Entre os setores mais impactados por esse perfil de consumidor estão:

  • Saúde e bem-estar
  • Turismo e lazer
  • Educação continuada
  • Tecnologia assistiva
  • Finanças e seguros

Além de consumirem mais, essas pessoas são mais leais à marca, exigentes na qualidade e atentas ao propósito corporativo. Entender os hábitos e desejos da geração prateada é crucial para qualquer empresa que queira se manter competitiva nos próximos anos.Empresas que incluem profissionais 50+ em suas equipes também ganham uma leitura mais precisa sobre esse público-alvo, criando produtos e campanhas mais alinhadas às suas necessidades reais.

Empreendedorismo e impacto social depois dos 50

Com a aposentadoria sendo adiada — tanto por questões práticas quanto por desejo — cresce o número de pessoas que decidem empreender após os 50 anos. A maturidade profissional combina-se a redes de contato sólidas e visão de negócio, elementos essenciais para empreendimentos bem-sucedidos.O empreendedorismo sênior já é realidade em diversos segmentos:

  • Gastronomia e alimentação saudável
  • Consultorias e treinamentos corporativos
  • Turismo voltado à terceira idade
  • Negócios de impacto e voluntariado

Esse movimento também ajuda a combater a informalidade, possibilitando que pessoas mais velhas se reinventem profissionalmente com independência e propósito.Além disso, muitos profissionais experientes assumem papéis em iniciativas de impacto social, como mentorias para jovens, educação em comunidades e participação ativa em projetos sustentáveis, contribuindo para a construção de um mercado mais humano e inclusivo.

RH como motor da inclusão geracional

O setor de recursos humanos é peça-chave na criação de políticas inclusivas para a geração prateada. O RH pode liderar ações para valorizar a experiência e integrar diversas gerações com objetivos comuns.Dentre as possíveis estratégias, destacam-se:

  • Programas de contratação direcionados para profissionais 50+
  • Trilhas de capacitação contínua e personalizada
  • Adaptações de jornada e modelo de trabalho (como o híbrido e o remoto)
  • Ambientes acessíveis física e digitalmente
  • Práticas de mentorias intergeracionais

É fundamental que o RH opere com dados, metas claras e acompanhamento contínuo para medir o sucesso dessas ações em indicadores de diversidade, inclusão e performance.Empresas que de fato investem na inclusão de diferentes idades não apenas promovem justiça social, mas constroem uma cultura organizacional mais sólida, empática e conectada com o futuro.As evidências mostram que o futuro do trabalho será impulsionado por talentos de todas as idades. Investir na geração prateada é apostar em um modelo mais sustentável, inteligente e humano de desenvolvimento organizacional.

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