Reskilling: o que é e como aplicar nas empresas

A transformação digital e as incertezas do mercado pressionam as empresas a acompanhar mudanças de forma ágil e estratégica. Nesse cenário, investir em pessoas se tornou mais do que necessário — é vital para a competitividade e a sustentabilidade dos negócios.

O reskilling desponta como ferramenta essencial nesse processo, ao promover a requalificação de talentos internos para atender novas demandas, tecnologias e funções em constante evolução.

O que é reskilling

Reskilling é o processo de requalificação profissional voltado para preparar pessoas colaboradoras a assumirem novas funções, muitas vezes em áreas completamente diferentes daquelas em que atuam. Essa transição pode envolver desde mudanças internas dentro de um mesmo setor até a migração completa para áreas que exigem outras competências, como tecnologia, análise de dados ou atendimento digital.

A prática responde diretamente à obsolescência de funções provocada pela automação e avanços tecnológicos. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2030, 60% da força de trabalho precisará passar por algum tipo de requalificação profissional. Isso inclui tanto o aprendizado de habilidades técnicas quanto o desenvolvimento de competências comportamentais.

Implementar o reskilling não só ajuda empresas a preencher lacunas técnicas, mas também representa uma estratégia mais econômica e sustentável do que recrutar talentos externos. Afinal, é mais inteligente aprimorar quem já entende a cultura e os desafios da organização do que reiniciar todo o ciclo com uma nova contratação.

Além disso, promove um ciclo contínuo de aprendizado, reforçando o senso de pertencimento entre os profissionais e ampliando o engajamento em projetos de inovação e mudança.

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Por que o reskilling se tornou prioridade

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia, novas ferramentas digitais e mudanças nas formas de consumo transformaram rapidamente a demanda por habilidades no mercado. Profissões antes estáveis estão em declínio, ao passo que áreas como TI, ciência de dados, atendimento remoto e sustentabilidade vêm crescendo aceleradamente.

Entre os principais motivos que colocam o reskilling como prioridade estratégica estão:

  • Escassez de talentos especializados: setores como tecnologia, saúde digital e atendimento baseado em dados enfrentam dificuldade para contratar profissionais prontos.
  • Custo com rotatividade: substituir uma pessoa pode custar até 150% de seu salário anual, segundo dados da Society for Human Resource Management (SHRM).
  • Engajamento e retenção: oportunidades de crescimento aumentam a motivação e diminuem a rotatividade voluntária.

As empresas que já incorporaram o reskilling comprovam ganhos expressivos em produtividade, clima organizacional e inovação — especialmente quando envolvem as lideranças no processo e demonstram alinhamento com os objetivos estratégicos.

Diferença entre reskilling e upskilling

Embora muitas vezes confundidos, os conceitos de reskilling e upskilling têm objetivos distintos e complementares. Enquanto o reskilling foca na mudança de função ou área por meio de uma requalificação ampla, o upskilling concentra-se no aprofundamento das competências já utilizadas por uma pessoa na sua função atual.

Exemplos práticos:

  • Reskilling: um atendimento de loja física aprende análise de dados para atuar em marketing digital.
  • Upskilling: um analista financeiro aprende a utilizar ferramentas avançadas de BI (Business Intelligence).

Portanto, empresas que combinam essas abordagens são mais preparadas para lidar com mudanças rápidas, realocações internas e fortalecimento de equipes de alta performance.

Barreiras mais comuns à implementação

Apesar das vantagens inegáveis, colocar o reskilling em prática ainda é um desafio real em muitas organizações. Essas barreiras, majoritariamente culturais ou estruturais, incluem:

  • Visão limitada de treinamentos: tratar o desenvolvimento como um custo e não como investimento impede sua priorização dentro da estratégia do negócio.
  • Resistência à mudança: lideranças que sentem ameaça à estabilidade de seus cargos tendem a inibir ou boicotar iniciativas de transformação.
  • Sobrecarga operacional: ambientes com excesso de tarefas dificultam a participação em programas educacionais.
  • Falta de indicadores claros: sem dados que demonstrem o retorno dos programas de requalificação, lideranças tendem a abandoná-los.

Superar essas barreiras exige envolvimento direto do RH, apoio da alta liderança e uma comunicação clara sobre os objetivos e benefícios do processo. Quanto mais transparente e alinhado o programa estiver, maior a adesão e os resultados coletivos.

Como aplicar reskilling na empresa

Para um programa de reskilling gerar impacto real, ele precisa estar conectado à estratégia do negócio e ser conduzido com planejamento. A seguir, um passo a passo recomendado:

1. Mapeamento de competências

É essencial entender quais habilidades já existem dentro da equipe e quais serão necessárias em um prazo de três a cinco anos. Indicadores de desempenho, autoavaliação e benchmarking setorial são ferramentas úteis nesse diagnóstico.

2. Identificação de talentos com potencial

Pessoas com perfil adaptável e vontade de evoluir devem ser priorizadas. Não se trata apenas de performance atual, mas de motivação e capacidade de aprendizado.

3. Criação de trilhas personalizadas

Oferecer conteúdos variados — como cursos, mentorias, projetos práticos e microlearning — facilita a adaptação do aprendizado à rotina. Algumas estratégias eficazes incluem:

  • Gamificação e desafios;
  • Aprendizado colaborativo entre áreas;
  • Sistema de metas com feedback contínuo.

4. Apoio da liderança

O papel dos gestores é liberar tempo, reconhecer conquistas e incentivar a participação ativa. Quando a liderança adota a causa, o time a segue naturalmente.

5. Medição e ajustes contínuos

Indicadores como percentual de colaboradores requalificados, tempo médio de realocação, impacto na produtividade e redução de turnover ajudam a avaliar o sucesso e redirecionar esforços quando necessário.

Exemplos de aplicação prática

Algumas empresas já colhem bons frutos com programas robustos de reskilling em diferentes setores:

  • Tecnologia: uma operadora de telefonia capacitou colaboradores do call center para funções técnicas em análise de dados, reduzindo custos e melhorando o engajamento.
  • Indústria automotiva: operadores foram treinados para atuar na manutenção de sistemas robóticos, reduzindo os riscos da automação sobre os empregos.
  • Serviços financeiros: bancos requalificaram equipes para trabalharem com plataformas digitais, mantendo a qualidade do atendimento em ambientes online.
  • Educação e saúde: profissionais foram instruídos para operar sistemas digitais e plataformas de ensino remoto, ampliando o alcance e a eficiência dos serviços.

Esses exemplos reforçam que o reskilling não se trata de um conceito teórico ou moda passageira, mas de uma resposta concreta à necessidade de manter talentos relevantes, produtivos e preparados para os desafios que ainda estão por vir.

O papel do RH e a inteligência artificial

O sucesso do reskilling depende diretamente da atuação estratégica do RH e da adoção de ferramentas digitais e automatizadas. Plataformas com inteligência artificial já são capazes de sugerir trilhas personalizadas de aprendizado, indicar talentos com maior propensão ao sucesso e adaptar conteúdos conforme o ritmo de cada pessoa.

Ademais, o RH deve:

  • Garantir inclusão e equidade;
  • Acompanhar os indicadores de impacto;
  • Integrar o reskilling à experiência do colaborador.

Com isso, o reskilling deixa de ser uma obrigação isolada e torna-se parte do DNA da empresa — com potencial para transformar cenários de incerteza em oportunidades reais de crescimento.

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